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Jesus no Templo de Jerusalém
Cônego Celso Pedro da Silva

Deus fez aliança com Noé, fez aliança com Abraão, e lemos hoje, no livro do Êxodo, que Deus sela a sua aliança com Moisés. Na "Aliança do Sinai", Deus dá as Dez Palavras ou os Dez Mandamentos. Essa passagem introduz o chamado "Código da Aliança".

Os mandamentos do Sinai são palavras de sabedoria, que norteiam a vida de quem quiser ouvi-las: Adorar somente o Deus verdadeiro e honrá-lo, e não prejudicar a ninguém de forma consciente. Sabemos, pelo Evangelho de Mateus, que Jesus levou estes mandamentos às suas últimas conseqüências. Não matar, por exemplo, não é só não tirar a vida física de alguém. A cólera e as ofensas por palavras incluem-se neste mandamento.


Na atual Campanha da Fraternidade, a orientação dos mandamentos nos leva a jamais ofender uma pessoa com alguma deficiência por causa da sua condição física. Isto seria o cúmulo da falta de caridade. A Palavra de Deus, que assim nos ensina, é perfeita e nos dá força para realizá-la, cantamos no Salmo Responsorial.
São Paulo nos coloca no coração do tema da Campanha da Fraternidade, quando escreve: "O que é dito insensatez de Deus é mais sábio do que os homens, e o que é dito fraqueza de Deus é mais forte do que os homens". Entendemos, como o próprio São Paulo explica mais adiante, que "Deus escolheu os fracos do mundo para humilhar os fortes, que Deus escolheu os insignificantes e desprezados do mundo, os que nada são, para anular os que são alguma coisa" (1Cor 1,27-28). Em outras palavras, o que consideramos "deficiente" pode ser considerado "eficiente" por Deus. Quando a Quaresma nos pede conversão da mente, é porque sabe que é a partir da visão que temos das pessoas que as tratamos de uma forma ou de outra.


Ao purificar o Templo de Jerusalém, Jesus acena para a sua ressurreição. A ressurreição confirma que o verdadeiro Templo de Deus é o Corpo do Messias ressuscitado. Se o Templo de Jerusalém não devia ser transformado em casa de comércio ou antro de ladrões, o que pensar do novo Templo formado pelo Corpo Místico de Jesus Cristo, no qual ele é a cabeça e todos nós somos os membros? Imagine um membro do Corpo de Cristo transformado em objeto de comércio!


Ao pôr ordem na Casa de Deus, preparando a compreensão de que ele é a verdadeira Casa de Deus, Jesus trata com rigor os mais "eficientes", os que vendiam ovelhas e bois e os cambistas que movimentavam dinheiro. Derruba suas mesas e espalha as moedas. Trata, porém, com mais suavidade os que se encostaram à sombra dos grandes para também lucrar alguma coisa. Aos que vendiam pombas, Jesus diz: "Tirem isso daqui e não façam da casa de meu Pai uma casa de comércio". Não derrube as suas "cadeiras", segundo os sinóticos. Cadeira podia ser o abrigo das pombas.


Jesus trata com firmeza e com delicadeza os que podiam menos, certamente porque faziam parte dos que São Paulo chama de "insignificantes" deste mundo.

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