A Sua Santidade em São Paulo
09 de maio de 2007
Papa chegou ao aeroporto de Guarulhos para sua primeira visita ao País
Avião chegou às 16h02, 28 minutos antes do previsto. Em dois anos de pontificado, é a primeira vez que Bento XVI pisa o solo da América Latina; Lula e Serra devem dar as boas-vindas
SÃO PAULO - O papa Bento XVI chegou ao Aeroporto Internacional de Guarulhos às 16h02, 28 minutos antes do previsto, após 12 horas de viagem, dando início à sua visita ao País entre 9 e 13 de maio. O avião da Alitália, que trouxe o pontífice, tem as bandeiras do Brasil e do Vaticano lado a lado. Em dois anos de pontificado, é a primeira vez que ele pisa no solo da América Latina.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador José Serra, o presidente do senado, Renan Calheiros, o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, lideram a comitiva de autoridades brasileiras que darão as boas-vindas ao pontífice. Bento XVI deverá fazer um breve discurso no local.
De Cumbica o papa partirá, de helicóptero, para o Aeroporto do Campo de Marte, na zona norte. Lá, Serra e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) o recepcionarão. Mais tarde, Joseph Ratzinger embarca no papamóvel para atravessar a cidade até o Mosteiro São Bento, no Centro, onde ficará hospedado nos três dias de estada na capital.
Em sua primeira conferência de imprensa, nesta quarta-feira, 9, falando a bordo do vôo papal, e sobrevoando o deserto do Saara, o pontífice deixou claro que a proliferação de seitas evangélicas na América Latina é também uma demonstração de que há "a sede por Deus e pela religião". pentecostal
Segundo ele, a igreja católica está de fato preocupada com esse fenômeno e tratará do tema em sua reunião da Conferência Episcopal da América Latina. "Queremos ser uma igreja mais missionária", afirmou. Bento XVII fez ainda uma defesa veemente da vida e contra proposta de aborto, e deixou claro que não fala e nem entende português.
Investido das funções de bispo de Roma, sucessor de Pedro e vigário de Cristo, ele vem para animar, encorajar e ajudar a consolidar a Igreja no Brasil e no continente - onde está concentrada metade da população católica do mundo. O pontífice, que completou 80 anos em abril, terá uma agenda cheia, que inclui desde um encontro reservado com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a momentos dedicados às grandes multidões.
Roteiro
Nesta sexta-feira, no Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, celebrará uma missa para a qual são aguardados cerca de 1 milhão de fiéis. No domingo, na missa em frente ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, às margens da Via Dutra, são esperadas outras 500 mil pessoas.
Para garantir a segurança, foi montado um esquema mais complexo até mesmo que o estruturado para receber o presidente americano George W. Bush em sua visita à capital, em março. Cerca de 13,5 mil homens, militares e civis, estão de prontidão desde ontem na chamada Operação Arcanjo.
Seis helicópteros irão acompanhar todos os deslocamentos do pontífice pelas ruas de São Paulo e no interior do Estado. Ao redor do Mosteiro de São Bento, residência do papa de hoje até sexta-feira, ficarão postados 600 homens da Polícia do Exército e atiradores de elite. A sacada do quarto de onde Bento XVI fará uma saudação tem vidro blindado.
Em seus discursos, o papa deverá reafirmar os princípios doutrinários da Igreja. Espera-se que, diante da recente derrota sofrida pela Igreja no México, com a descriminação do aborto, ele volte a bater com força na tecla da defesa do “direito à vida”.
Sinais de boa vontade
Também são esperadas palavras de ânimo para o clero e os fiéis. A viagem foi precedida de vários sinais de boa vontade da Cúria Romana para com o Brasil. Um deles foi a decisão de confiar ao cardeal Cláudio Hummes, ex-arcebispo de São Paulo, a chefia da Congregação para o Clero, uma das mais importantes subdivisões - ou dicastérios - da Cúria.
Outro sinal de boa vontade foram as diligências para a conclusão do processo de canonização de Frei Galvão - o primeiro santo nascido em terras brasileiras reconhecido pela Igreja após cinco séculos de evangelização. Ele será canonizado oficialmente na missa campal de sexta-feira.
Também pode ser incluída na lista de gestos de boa vontade a decisão de escolher Aparecida para sediar a 5ª Conferência-Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe - que será aberta no domingo e é, sem dúvida, o compromisso mais importante dessa visita em relação ao clero.
É no interior da conferência que a Cúria Romana pretende debater os temas mais espinhosos da Igreja no continente, como a perda de fiéis para os evangélicos e a influência, ainda forte, da Teologia da Libertação. Ao falar ontem à TV italiana sobre o avanço dos evangélicos, o cardeal Hummes observou que a Igreja já identificou o problema, mas ainda não encontrou “a metodologia e o impulso” para lidar com isso.
Segundo papa a visitar o País
Bento XVI é o segundo papa a visitar o Brasil. O primeiro foi João Paulo II, que esteve três vezes entre os brasileiros. Na primeira, em 1980, passou por 12 cidades - maratona que o polonês Karol Wojtyla cobriu com desenvoltura e ânimo. Com 60 anos, era um homem jovial, atlético e carismático - capaz de gestos que encantavam a mídia, como o ato de beijar o solo de cada país que visitava. Ele também encantou o Brasil, de Porto Alegre a Manaus.
O alemão Joseph Ratzinger não tem a desenvoltura de seu antecessor, o que aumenta a expectativa e a curiosidade em torno da visita. Mais acostumado aos bastidores da Igreja, ele tem se esforçado para parecer mais simpático e caloroso nas visitas que faz pelo mundo, para abençoar e animar o rebanho de 1,98 bilhão de almas.
(Colaboraram Marcelo Godoy, Roldão Arruda e Jamil Chade)
Fonte: Portal Estadão Estado de S.Paulo
[Modificato da @Andrea M.@ 09/05/2007 22.34]