Il problema dei 3 corpi: Attraverso continenti e decadi, cinque amici geniali fanno scoperte sconvolgenti mentre le leggi della scienza si sgretolano ed emerge una minaccia esistenziale. Vieni a parlarne su TopManga.
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Ultimo Aggiornamento: 10/07/2009 06:10
28/09/2006 09:09
 
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A 1ª cirurgia feita em gravidade zero
27 de Setembro de 2006

Médicos franceses realizaram nesta quarta-feira o primeiro procedimento cirúrgico em humanos em condição de gravidade zero. A experiência, que visa testar e desenvolver técnicas que tornem possíveis as operações no espaço e até com robôs fora da Terra no futuro, durou cerca de três horas. Os franceses não divulgaram informações detalhadas sobre o procedimento após a viagem.

Segundo os participantes do teste, o avião Airbus 300 que serviu de local para a operação ficou entrando e saindo da área de gravidade zero, como se estivesse numa montanha-russa. Equipamentos especiais instalados no aparelho permitiram que a equipe médica retirasse um cisto do braço do paciente Philippe Sanchot. O procedimento cirúrgico em si teria durado só onze minutos.

O francês Sanchot foi o escolhido na primeira experiência por ser praticante de bungee-jumping e estar acostumado a mudanças gravitacionais drásticas. O paciente passou pela cirurgia só com anestesia local. O teste, feito perto de Bordeaux, tem apoio da Agência Espacial Européia e conta com envolvimento da agência Novespace e Centro Nacional Francês para Estudos Espaciais.

01/10/2006 05:45
 
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Canto de uma escrava

Castro Alves





Eu sou como a garça triste
Que mora à beira do rio,
As orvalhadas da noite
Me fazem tremer de frio.

Me fazem tremer de frio
Como os juncos da lagoa;
Feliz da araponga errante
Que é livre, que livre voa.

Que é livre, que livre voa
Para as bandas do seu ninho,
E nas braúnas à tarde
Canta longe do caminho,

Canta longe do caminho,
Por onde o vaqueiro trilha,
Se quer descansar as asas
Tem a palmeira, a baunilha.

Tem a palmeira, a baunilha,
Tem o brejo, a lavadeira,
Tem as campinas, as flores,
Tem a relva, a trepadeira,

Tem a relva, a trepadeira,
Todas tem seus amores,
Eu não tenho mais nem filhos,
Nem irmão, nem lar, nem flores.

Retirado de "http://pt.wikisource.org/wiki/Canto_de_uma_escrava"
02/10/2006 06:50
 
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Elas sofrem demais
O escritor que explica o comportamento
masculino às mulheres diz que elas não devem
levar tão a sério as desilusões amorosas


Rosana Zakabi




Como consultor do seriado Sex and the City, um dos maiores sucessos da TV nos últimos tempos, o roteirista americano Greg Behrendt tinha como missão construir os personagens masculinos da trama. Em seu trabalho, acabou descobrindo que o modo de agir dos homens, principalmente no que diz respeito às relações amorosas, é ainda um mistério para a maioria das mulheres. Terminadas as filmagens da série, ainda hoje exibida na TV brasileira, Behrendt decidiu usar a experiência para escrever um livro destinado a esclarecer o público feminino sobre o que pensam os homens. Ele Simplesmente Não Está a Fim de Você, lançado em 2004 no Estados Unidos, tornou-se um best-seller com mais de 2 milhões de cópias vendidas. O sucesso se repetiu no Brasil. O novo livro de Behrendt, Termina Quando Acaba, será lançado no mercado brasileiro em dezembro. O autor admite que muitas de suas descrições do comportamento masculino soam chocantes para as mulheres. "Mas, depois, elas se sentem fortalecidas por conhecer a verdade", ele diz. De Los Angeles, onde mora com a mulher e duas filhas, Behrendt, de 43 anos, falou a VEJA.

Veja – Seu novo livro, Termina Quando Acaba, ensina às mulheres como enfrentar o fim dos relacionamentos amorosos. Por que elas precisam desse tipo de conselho?
Behrendt – Durante meu trabalho como consultor da série Sex and the City, recebia muitos e-mails de telespectadoras com queixas sobre os homens e pedidos de orientação no terreno amoroso. Notei que é muito comum as mulheres não perceberem que o parceiro não quer mais nada com elas após o fim de uma relação. Elas simplesmente não aceitam esse fato da vida. Tem até mulher que encontra as desculpas mais mirabolantes para continuar acreditando que um dia, de uma hora para outra, o bem-amado vai perceber que ela era o amor de sua vida e vai voltar correndo para seus braços.

Veja – Isso não acontece com os homens?
Behrendt – Os homens, em geral, encontram outras maneiras de lidar com o rompimento. Isolam-se em casa, na frente da TV, desafogam as mágoas praticando esportes, ficam bêbados. E nunca lêem livros com conselhos sobre como enfrentar o fim de um relacionamento... De qualquer forma, as dicas de meu livro também podem valer para eles.

Veja – As mulheres sofrem mais que os homens ao levar um fora do parceiro?
Behrendt – Em linhas gerais, sim. Os homens costumam lidar com essa situação de forma mais tranqüila porque, na maioria das vezes, não encaram o fim do namoro como a coisa mais relevante da vida naquele momento. As mulheres agem de maneira oposta. Elas pensam no rompimento 24 horas, falam sobre o assunto repetidas vezes com as amigas, analisam o caso sob vários aspectos: por que aconteceu, por que naufragou, se teria dado certo se ela tivesse agido de forma diferente. Enquanto a mulher fica tentando descobrir o que deu errado, o homem já está convidando outra garota para sair.

Veja – Qual é a melhor maneira de se recuperar após levar um fora?
Behrendt – Primeiro, não é recomendável encontrar o ex-parceiro nos primeiros dois meses após o fim da relação. É o melhor caminho para assimilar o que aconteceu de forma serena. Em segundo lugar, nunca, em hipótese alguma, se deve telefonar ao ex. É impressionante como algumas mulheres encontram qualquer pretexto para ligar logo após o fim do relacionamento. Uma parcela delas contesta esse meu conselho alegando: "Mas, Greg, ele me pediu para ligar". Elas não entendem que os homens dizem isso apenas para diminuir a culpa que sentem por terminar a relação.

Veja – Quais as principais queixas das mulheres com relação aos homens?
Behrendt – Elas dizem não entender por que as palavras e as ações dos homens se contradizem, por que eles dizem uma coisa e fazem outra completamente diferente. Não telefonam quando dizem que vão telefonar ou as tratam como rainha durante um encontro e depois nunca mais voltam a procurá-las.

Veja – E por que os homens agem dessa maneira?
Behrendt – Os homens são mais simples do que as mulheres imaginam. Para eles, nos relacionamentos amorosos só existem duas possibilidades: ou estão interessados na mulher e investem em sua conquista e na manutenção do namoro ou simplesmente não estão a fim dela. Só que nunca têm coragem de admitir sua falta de interesse. O que os homens mais temem é ver uma mulher chorando ou fazendo escândalo na sua frente. É por isso que eles muitas vezes somem depois do primeiro encontro sem dar satisfação.

Veja – Quais são as principais desculpas que os homens usam quando querem dispensar as mulheres?
Behrendt – Recebo vários e-mails de mulheres pedindo conselhos sobre como agir com o sujeito que as dispensou. Elas relatam que o ex-parceiro está traumatizado ou que não consegue conciliar o excesso de trabalho com a vida pessoal. Há ainda os que namoraram por um longo tempo e, para justificar por que não querem se casar com a parceira, dizem que são contra o casamento. É tudo balela. Não há trauma ou trabalho em excesso que impeça um homem de assumir um relacionamento sério com uma mulher. Se ele realmente está interessado nela, não vai querer perdê-la.

Veja – Qual é a maior mentira que os homens costumam dizer às mulheres no fim da relação?
Behrendt – A maior mentira que eles falam é "O problema não é você, sou eu", quando a verdade seria: "O problema da nossa relação é você, porque eu simplesmente não estou a fim de continuar o namoro". É algo que todos os homens pensam, mas nunca têm coragem de dizer.

Veja – O senhor já usou alguma dessas desculpas para dispensar uma garota?
Behrendt – Claro que sim! Já evitei atender ligações de mulheres nas quais não estava interessado ou me tornei extremamente ocupado de uma hora para outra só para não sair com elas. Já ouvi várias vezes outros homens dizer que não é preciso terminar uma relação, basta inventar uma desculpa toda vez que elas quiserem sair com eles.

Veja – Qual a melhor forma de terminar um namoro?
Behrendt – Primeiro, deve-se terminar assim que se tem certeza de que a relação não funciona mais. Muita gente demora meses para criar coragem e romper o relacionamento. Isso é um desperdício do próprio tempo e também do tempo do companheiro. É uma atitude egoísta. Já contaminar a relação até forçar o outro a rompê-la é uma crueldade. Além disso, é preciso tomar cuidado com as palavras. Se a pessoa que está rompendo a relação diz "Vamos manter contato", ou procura o ex-parceiro para saber se ele está bem e, dessa forma, aliviar a própria consciência, a outra pessoa pode entender que existe alguma possibilidade de reatar o relacionamento no futuro. Por fim, não se deve aproveitar o rompimento para lavar a roupa suja, enumerando tudo o que deu errado no namoro. Deve-se permitir que o ex-parceiro mantenha sua dignidade.

Veja – Em seu primeiro livro, Ele Simplesmente Não Está a Fim de Você, o senhor afirma que cabe aos homens convidar as mulheres para sair, e não o contrário. Essa não é uma posição machista?
Behrendt – Depende do que a mulher espera do homem. Se ela quer apenas diversão e sexo casual, não há problema algum em telefonar para ele e convidá-lo para um encontro. A maioria dos homens adora esse tipo de convite. Mas isso não significa que o sujeito esteja a fim de namorá-la, de se tornar seu parceiro durante um tempo. Se ela está interessada num relacionamento mais sério e tem a mesma expectativa com relação ao pretendente, é melhor esperar que o telefonema parta dele. Porque, se o homem realmente estiver interessado na mulher, ele vai ligar. Se tiver perdido o número do telefone, dará um jeito de descobri-lo. Se não ligou, é porque não está a fim dela. Então, é melhor partir para outra relação.

Veja – Ao conhecer sua mulher, Amiira, foi o senhor que a chamou para sair?
Behrendt – Sem dúvida. Quando eu a vi pela primeira vez, percebi que era com ela que queria passar o resto da minha vida. No início, ela não se mostrou tão interessada e, então, tive de batalhar para conquistá-la, insistir muito para ela ficar comigo. Valeu a pena. Estamos juntos há oito anos e casados há seis.

Veja – Qual é o maior erro que as mulheres cometem ao tentar conquistar um homem?
Behrendt – Hoje, o grande problema é que elas ficaram disponíveis demais. Está muito fácil levar uma mulher para a cama, não existe mais o desafio da conquista. E, se fica muito fácil, perde a graça.

Veja – Por esse raciocínio, se a mulher vai para a cama com o homem logo no primeiro encontro, ele não vai querer nada sério com ela?
Behrendt – Claro que existem exceções, mas, nessa situação, a tendência é o parceiro perder o interesse por ela após um ou dois encontros. O que instiga o homem é o mistério, o poder de sedução que uma mulher exerce sobre ele. Os homens gostam de batalhar pelo que desejam, sentir o prazer da vitória por ter conquistado o que tanto queriam. Se a mulher concorda com o sexo logo no primeiro encontro, o homem vai pensar: "Bem, e aí? O que vem agora?" A sedução é crucial no jogo da conquista, e as mulheres estão se esquecendo disso.

Veja – É verdade que os homens preferem se relacionar com mulheres menos inteligentes e menos bem-sucedidas que eles para não criar um clima de competição?
Behrendt – Isso é puro mito. Os homens buscam mulheres que os desafiem, façam com que pensem e vejam o mundo de maneira diferente. Eles admiram mulheres que têm opinião própria e personalidade marcante. É por esse tipo de mulher que os homens tendem a se apaixonar.

Veja – Por que tantas mulheres inteligentes e bem-sucedidas se envolvem com os homens errados?
Behrendt – As mulheres tendem a enxergar o parceiro da forma como gostariam que ele fosse, e não como ele é de fato. Elas ainda são criadas para acreditar no príncipe encantado. Assim que conhecem um rapaz, muitas garotas tendem a achar que ele seria o marido perfeito e um pai excelente para seus filhos. Concentram-se apenas em suas qualidades – e algumas dessas qualidades existem somente na cabeça delas – e se esquecem de analisar os defeitos. Com o passar do tempo, começam a perceber que o rapaz não é exatamente como elas acreditavam que fosse, decepcionam-se, e aí começam os problemas.

Veja – Como evitar essa armadilha?
Behrendt – A primeira coisa a fazer é não se deixar cegar pelo entusiasmo. É preciso olhar para os homens de forma realista, aprendendo a enxergá-los e a aceitá-los do jeito que são. Muitas mulheres iniciam uma relação com a esperança de que o parceiro mude com o tempo. É um engano. O homem pode até fingir que mudou, apenas para conquistar a mulher, mas ninguém consegue esconder a verdadeira face por muito tempo.

Veja – Homens e mulheres têm expectativas diferentes com relação ao namoro?
Behrendt – Não acredito nisso. Os homens querem a mesma coisa que as mulheres. Eles também buscam uma parceira ideal e muitos querem se casar e ter filhos. A diferença é a ordem de prioridades nas necessidades de cada um. A maioria dos homens não gosta de conversar o tempo todo, mas adora fazer sexo a qualquer hora. Isso não significa que ele esteja desinteressado pela mulher. É apenas uma característica masculina. Muitas mulheres não entendem isso e entram em conflito com eles.

Veja – O solteiro convicto existe de verdade ou é uma desculpa que os homens encontraram para evitar relacionamentos duradouros?
Behrendt – Todos os solteiros convictos, um dia, vão se casar. Eles podem não admitir, mas, no fundo, também buscam a parceira ideal, com quem vão ficar por um longo tempo e ter filhos. Dizer que é solteiro convicto é uma forma eficiente que os homens encontraram de dispensar a namorada que não querem mais sem ter de dizer que ela não é a mulher da vida deles.

Veja – Os homens se queixam das mulheres quando conversam entre si?
Behrendt – Eles dizem não entender por que as mulheres implicam tanto com algumas de suas atitudes e com seu comportamento. A diferença é que as mulheres se queixam muito mais dos homens. Eles admitem que não entendem as mulheres, mas não estão muito preocupados com isso.

Veja – Seus dois livros se tornaram best-sellers logo após o lançamento. Qual o segredo do sucesso?
Behrendt – Depois do lançamento do meu primeiro livro, conversei com várias mulheres para saber o que elas tinham achado. Muitas se disseram chocadas, mas depois se sentiram fortalecidas porque tudo o que queriam era saber o que os homens realmente pensam.






03/10/2006 04:20
 
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Música de Mozart acalma alunos em sala de aula, diz estudo
Redação FC

A música do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) acalma os alunos em sala de aula e pode reverter comportamentos agressivos, melhorando substancialmente o rendimento dos estudantes, afirma um estudo de cientistas britânicos.

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Derby, no centro da Inglaterra, concluiu que fazer com que os alunos entre três e sete anos ouçam Mozart não só acalma os ânimos da classe como melhora o rendimento escolar. Os autores do estudo, Simon Brownhill, Fiona Shelton e Clare Gratton, também afirmaram que os concertos do compositor austríaco ouvidos durante aulas de matemática deram resultados "surpreendentes" nos alunos, especialmente nos que apresentam "problemas graves de conduta".

O livro em que o estudo foi publicado, intitulado "101 Essential Lists for Managing Behaviour in the Early Years" (101 aspectos essenciais para controlar o comportamento de crianças nos seus primeiros anos) evidenciou que a música de Mozart "pode ser uma ferramenta muito poderosa na luta contra o mau comportamento em sala de aula".

Além de Mozart, os especialistas demonstraram que certas obras do russo Tchaikovsky (1840-1893), em especial a sua "Introdução" de 1812, "anima" os alunos. Também provaram que, ouvindo certos temas, as crianças aceitam algumas tarefas específicas. Por exemplo, para fazê-las limpar ou se acomodar na sala, recomendam a música-tema do filme "Missão Impossível".

Outra recomendação é permitir que os alunos ouçam suas músicas preferidas, para recompensá-los pelo bom comportamento.

Fonte: Folha Online




15/10/2006 04:00
 
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Engana que eu gosto!

O filósofo afirma que políticos mentem mais
do que a média e que nosso cérebro está
programado para aceitar falsidades


Daniela Pinheiro




"A mentira traz vantagens indiscutíveis. Bons mentirosos são mais populares e bem-sucedidos. Têm mais status social e melhores salários"


O americano David Livingstone Smith acostumou-se a polêmicas ao defender suas idéias. Afinal, propalar que o ser humano é mentiroso por natureza e que a mentira é útil à sociedade vai contra o senso comum. Aos 53 anos, diretor do Instituto de Ciência Cognitiva e Psicologia Evolutiva da Universidade de New England, nos Estados Unidos, ele defende que o mundo seria um caos se todos decidissem falar a verdade. Em seu livro Por que Mentimos – Os Fundamentos Biológicos e Psicológicos da Mentira (Editora Campus/Elsevier), lançado no fim de 2005 no Brasil, Smith afirma que somos programados para enganar desde os primórdios da humanidade. Seja para nos proteger, seja para levar vantagem. Quem mente com desenvoltura, diz ele, pode até sobressair entre os demais. O exemplo clássico é o dos políticos, que mentem por profissão e continuam tendo o ouvido de milhares de pessoas. O motivo? A dissimulação é parte da vida em sociedade e são raras as pessoas com o dom de distinguir um comportamento normal da mentira patológica.

Veja – Por que mentimos?
Smith – A mentira está por toda parte. Ela é normal. Todos mentimos e quem diz o contrário mente. Temos dificuldade em nos reconhecer como mentirosos porque há um julgamento moral contrário. Mentimos para obter vantagens e para nos proteger de algo, o que significa que estamos, de certa forma, passando a perna em alguém. Quem mente bem costuma se dar melhor do que quem não consegue fazê-lo.

Veja – Por quê?
Smith – Porque a mentira traz vantagens indiscutíveis. Bons mentirosos são mais populares e bem-sucedidos. Alguns conseguem enganar por muito tempo e atingem status social mais alto e até melhores salários. A mentira está em toda a natureza. Vírus enganam o sistema imunológico de seus hospedeiros, plantas dissimulam para se livrar de predadores, animais blefam para conseguir comida. Não é só uma questão de sobrevivência. É levar vantagem. E ser melhor do que os concorrentes. E assim é a vida humana também.

Veja – Então mentir é razoável?
Smith – A mentira é o pilar das relações sociais. Há pais que dizem: "Ensino meu filho a não mentir". Isso é falso. Somos nós que os ensinamos a não dizer a verdade. Ensinamos que é errado dizer à vovó que os seios dela são caídos. Ensinamos as crianças a agradecer pelo presente de Natal mesmo quando elas o odeiam. Isso pode ser chamado de "tato", "boas maneiras", mas são mentiras. A mentira não é boa ou ruim, ela é necessária. Imagine o mundo em que todos fossem verdadeiros uns com os outros. Seria o caos.

Veja – Quem mente bem é mais inteligente?
Smith – Eles são socialmente mais inteligentes. Conseguem perceber o que a outra pessoa quer ouvir, o que é pertinente contar naquela hora, têm sensibilidade para notar a vulnerabilidade alheia. São melhores manipuladores. Mas é preciso dizer que mentimos melhor quando não sabemos que estamos mentindo. Ou seja, quando enganamos a nós mesmos. A melhor mentira é contada por aquele que acredita no que está dizendo.

Veja – É o caso dos políticos?
Smith – Políticos são mentirosos profissionais. Eles mentem habilmente e, na maioria das vezes, têm consciência disso. O que eles fazem é captar com precisão os anseios do eleitorado. Eles não estão preocupados se vão conseguir fazer o que prometem ou não. O político mente para se dar bem. Quando ele acredita na própria mentira, seu poder de persuasão se torna infinitamente maior. Hitler foi um exemplo disso. Era um enganador brilhante. E claramente acreditava no que dizia.

Veja – Quando os políticos são apanhados em uma mentira, eles se safam mais facilmente do que as outras pessoas. Por quê?
Smith – É uma questão de sobrevivência. Um político mentiroso quando é obrigado a ir à televisão para se desculpar por suas lorotas está perdido. Ele não ganha nada com isso. Não há nada de moralmente superior no fato de confessar uma mentira, até porque, quando os políticos o fazem, é de modo muito calculado. Mentir convincentemente e ser pego é coisa rara para um político. Como profissionais no assunto, eles se tornaram experts em respostas evasivas e desculpas esfarrapadas para encobrir inverdades.

Veja – Por que acreditamos nas mentiras dos políticos mesmo sabendo que eles são treinados para nos enganar?
Smith – Porque é mais fácil e seguro para nós mesmos nos convencermos delas. Quando alguém diz com convicção que vai melhorar a sua vida, como não querer acreditar nisso? Podemos até desconfiar em um primeiro momento, mas, como é um alento crer nessa hipótese, acabamos nos convencendo. A sensação de prazer trazida por acreditar em algo é inebriante. É um grande prazer para os americanos acreditar que são superiores ao resto do mundo. Se pensassem nisso por cinco minutos, saberiam que não é verdade. Mas não o fazem porque isso lhes traz muita satisfação. É impressionante como nossas escolhas sobre aquilo em que acreditamos são baseadas no que nos faz sentir bem, importantes, esperançosos. É com isso que os políticos jogam.

Veja – Qual a diferença entre uma mentira contada por um político e a contada por uma pessoa comum?
Smith – A contada por políticos tem conseqüências mais graves, mas, na média, não há muita diferença. Passamos a vida fabulando coisas, uma boba aqui, outra mais inocente ali, e as grandes também. É preciso ter em mente que não se trata de maniqueísmo. Da mesma maneira que os políticos mentem, nós também nos enganamos porque queremos acreditar em suas mentiras.

Veja – Como isso se processa na mente humana?
Smith – O princípio de tudo é o auto-engano. Como sabemos que mentimos para nós mesmos, inconscientemente criamos um mecanismo de defesa que nos impede de nos aprofundar muito naquele assunto. Se o fizermos, nós mesmos ficaremos expostos como mentirosos. É nesse sentido que somos programados para aceitar mentiras. Quando o presidente George W. Bush afirmou que existiam armas de destruição em massa no Iraque, ele talvez tenha mesmo se convencido disso. A realidade é que os métodos para entender como a mente processa a mentira ainda são muito falhos.

Veja – O ex-presidente Bill Clinton mentiu sobre o caso com a estagiária Monica Lewinsky, sobre fumar maconha e não tragar, sobre casos de sua infância. Ainda assim, é um dos maiores líderes mundiais. Por que esses fatos não parecem manchar sua biografia?
Smith – O exemplo de Clinton não serve para o resto do mundo. Para os americanos, a moralidade se resume a sexo e Deus. Quando alguém se mete em algo assim, os americanos conseguem perdoar. O conceito de mentira é muito flexível para os políticos. Ao se defender, Clinton inventou um padrão técnico para encobrir uma mentira. Ele resolveu dar uma definição muito pessoal sobre o que efetivamente era fazer sexo. O fato é que, na maior parte das vezes, no fundo, sabemos que os políticos mentem. No fundo também é isso que esperamos deles.

Veja – Como saber que um político está mentindo?
Smith – Isso é muito difícil. Pesquisas mostram que apenas um em 1 000 indivíduos consegue detectar sinais de mentira em outra pessoa. No caso dos políticos, profissionais treinados só conseguem identificar mentiras em 10% dos casos. Políticos são brilhantes em nos distrair com o que dizem. Aqueles que não conseguem mentir bem nunca chegam lá. É uma tragédia pensar que a política é uma das atividades mais vitais nas sociedades em todo o mundo pois é uma das mais irracionais e desonestas que existem.

Veja – Detectar uma mentira depende de quê? Sensibilidade? Inteligência?
Smith – As pessoas que prestam atenção à linguagem corporal, ao tom de voz, são melhores do que as que escutam as palavras. É simples assim. Algumas poucas pessoas fazem isso naturalmente, a maior parte não consegue. Podemos até achar algo estranho, mas somos enganados pelas palavras. De fato, deveríamos prestar mais atenção ao nosso próprio instinto. Existem métodos empíricos, como os do pesquisador Paul Ekman, da Universidade da Califórnia, há trinta anos no ramo. Ele analisa os movimentos dos olhos, a respiração e os sinais verbais. No entanto, quando estamos envolvidos emocionalmente, perdemos a objetividade para perceber tudo isso. Na política estamos quase sempre envolvidos emocionalmente.

Veja – Não existe política sem mentiras?
Smith – Infelizmente, não. A democracia é algo maravilhoso, mas funciona por um processo de venda e manipulação. Nesse processo, a mentira é intrínseca. A única proteção que temos contra isso é sermos céticos, críticos e podermos contar com uma imprensa justa, livre e que defenda os cidadãos.

Veja – Quando alguém diz que "não sabe de nada" sobre um fato em que todas as evidências provam o contrário, isso é mentir?
Smith – Qualquer coisa feita para iludir é uma mentira. Omitir-se ou inventar um padrão técnico para se explicar sobre algo é mentira, sim. As pessoas usam essas coisas apenas para escapar e, efetivamente, escapam.

Veja – Existem meia mentira e meia verdade?
Smith – Algumas vezes mentimos dizendo a verdade. Digamos que eu não queira que você saiba algo sobre mim. Posso relatar esse dado de uma maneira tão exagerada que você o desconsideraria. Não menti, mas você não acreditou. Ou seja: manipulei. Existem graus de distorção no que dizemos uns aos outros, mas acho que o que caracteriza a mentira é fazê-lo com o objetivo de vantagem.

Veja – Existem mentiras aceitáveis?
Smith – Claro. Falar com alguém de quem você não gosta, omitir seu real estado de espírito, dizer que a pessoa está magra, quando na verdade ela está gorda, tudo isso são mentirinhas do dia-a-dia que fazem parte dos padrões sociais de convívio. A mentira ocorre naturalmente a todos nós, e muitas vezes não sabemos que estamos mentindo.

Veja – Com que freqüência as pessoas mentem?
Smith – Há uma pesquisa relevante feita pelo psicólogo Robert Feldman, da Universidade de Massachusetts, mostrando que as pessoas contam três mentiras a cada dez minutos de conversa. É interessante, mas é uma definição estreita da mentira. Não se mente só com palavras. Um político, querendo esconder alguma coisa ou estando inseguro do que diz, pode chegar a um palanque ou a um debate na TV e falar de maneira pomposa, mostrar-se indignado, aparentar confiança. Ele vai convencer muita gente. Precisamos observar o comportamento desonesto de forma muito mais abrangente. E, quando o fizermos, descobriremos que o ato de mentir é muito mais amplo do que se imagina.

Veja – Onde se mente mais: na política ou nos casamentos?
Smith – Eu diria que é na política. O fato é que, quanto mais interesses comuns as pessoas tiverem, menos terão de mentir umas para as outras. Se estivermos do mesmo lado, ainda assim mentiremos um para o outro, mas menos do que alguém que queira me vender um carro usado danificado. A política é um sujeito tentando se vender a você. Então, a mentira é central.

Veja – Quando mentimos mais?
Smith – Em geral, quando queremos algo de outra pessoa e esta não quer nos dar. Nas conquistas amorosas, ocorre sempre. Queremos parecer mais atraentes sexualmente ou mais inteligentes do que somos. Nas relações de trabalho, mentimos sobre nossas habilidades e competências. É crucial saber que isso ocorre involuntariamente. É como respirar.

Veja – Quem mente mais, o homem ou a mulher?
Smith – Os homens tendem a dizer que as mulheres mentem mais, e vice-versa, mas não acho que exista alguma evidência disso. Acredito que mentem igualmente. Tudo depende do que se quer obter.

Veja – Nascemos mentirosos?
Smith – Contar mentiras é uma tendência tão internalizada no ser humano como a capacidade de falar e caminhar. Não temos a escolha de não mentir. Quem não mente, no sentido estrito da palavra, são os autistas. Para que possamos mentir, precisamos perceber como as pessoas nos vêem. Para quem não entende isso, como os autistas, a idéia de esconder a verdade não faz sentido. Não é por uma superioridade moral, mas por uma deficiência neurológica que os torna inábeis para perceber essa sutileza. Então, com exceção dos autistas, somos todos mentirosos por natureza.

Veja – O senhor mente muito?
Smith – Sou péssimo mentiroso.

Veja – Mentiu nesta entrevista?
Smith – Fiquei aqui, ao telefone, tentando dar a você a impressão de ser melhor do que sou realmente. É uma mentira, não é?

Veja on-line
18/10/2006 07:14
 
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Semana Mundial da Alimentação
Pe. Martinho Lenz* - FC

Para lembrar que a fome continua a atormentar milhões de seres humanos, celebra-se no dia 16 de outubro o Dia Mundial da Alimentação. Na verdade, não há muito que celebrar, quando se sabe que pouco avançamos na superação da fome dos 854 milhões de famintos do mundo. Os dados são da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), que nesse dia comemora 61 anos de sua criação, em 1945. No Brasil, as comemorações se estendem por uma semana, de 16 a 22/10.


Entidades da sociedade civil, governos e conselhos de segurança alimentar e nutricional promoverão eventos em todo país, em torno do tema desse ano: “fortalecer a agricultura para garantir a Segurança Alimentar. Esse tema foi proposto pelo CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), que cadastrou 90 eventos, que serão realizados nos estados e municípios, ao longo da semana.

A Rádiobrás gravou um programa, de hora e meia, a ser transmitido no dia 16 para todo território nacional pelo canal a cabo Radiobrás, às 9h e às 15h. Nesse ano, Josué de Castro recebe homenagem especial pela passagem dos 60 anos de publicação de seu livro “Geografia da Fome”. Nesse livro, Josué de Castro denuncia “a fome como um flagelo fabricado pelos homens, contra outros homens”.


O Mutirão de Superação da Miséria e da Fome da CNBB é parceiro dessas ações, integrando a comissão organizadora dos eventos. Serão mostrados avanços e desafios. Um avanço importante foi a aprovação pelo Congresso e sanção pelo Presidente, no dia 15.09.06, da LOSAN, Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional. Essa lei reconhece a alimentação como um direito humano e institui o SISAN – Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Estabelece ainda mecanismos para a definição e implementação de programas nessa área, onde é indispensável a colaboração entre sociedade civil e governos.


Outro avanço importante foi a instituição e execução do Programa Bolsa Família, que hoje atende a 11,2 milhões de famílias abaixo da linha de pobreza. Não é pouca coisa saber que irmãos nossos, que até ontem passavam fome, agora tem o que comer! É pouco (uma média de 75 reais por família por mês), não basta, mas sem garantia de um mínimo de comida quotidiana, ninguém vive com dignidade. Outras 130 ações estão planejadas, e começam a sair do papel, como o PAA – Programa de Aquisição de Alimentos, do governo ao pequeno produtor (para programas alimentares oficiais e para formação de estoques) e a ampliação do Programa da Merenda Escolar, que atende diariamente 38 mil crianças e adolescentes no Brasil, entre muitos outros programas nas áreas de produção, distribuição e educação alimentar.

Está em preparo a III Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional, que se realizará de 22 a 25 de maio de 2007 em Fortaleza, CE, com o objetivo de propor caminhos para a implementação da LOSAN e fortalecer as articulações dos governos e da sociedade em torno da segurança alimentar. Intensifica-se a mobilização dos estados e municípios na preparação desse evento.


A Santa Sé tem manifestado repetidamente seu apoio à FAO e a todos os esforços no mundo para superarmos o flagelo da fome. Para os cristãos, combater a fome é cumprir a palavra de Jesus Cristo aos discípulos, diante de uma multidão faminta: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mc 6, 37). No faminto, o próprio Cristo se quer ver reconhecido: “Eu tive fome e me destes de comer” (Mt 25,35).


*Pe. Martinho Lenz é padre jesuíta, sociólogo, membro do CONSEA - Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional




18/10/2006 22:24
 
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Viciados em Internet escondem problema, diz estudo
Mais de um entre oito adultos dos Estados Unidos encontram dificuldades para passar mais do que alguns dias longe da Internet, e cerca de um em cada 11 tenta ocultar seu vício de ficar online. São conclusões de um estudo conduzido por pesquisadores da Escola de Medicina da Stanford University, na Califórnia.
O trabalho constatou que um em cada oito adultos admitia que deveria passar menos tempo online, e afirma que isso expõe que o "uso problemático da Internet" é uma questão que afeta porção considerável da população. "Nós muitas vezes nos concentramos em como a Internet é maravilhosa ¿ como é simples, eficiente e capaz de fazer coisas", afirmou Elias Aboujaoude, o diretor científico do estudo, em comunicado. "Mas precisamos considerar o fato de que ela cria problemas reais para um subgrupo de pessoas."

O estudo envolveu uma pesquisa telefônica de alcance nacional com 2.581 pessoas, em entrevistas realizadas no segundo e terceiro trimestres de 2004, seguidas por análise dos dados e preparação do relatório, que será publicado na edição de outubro do CNS Spectrums: The International Journal of Neuropsychiatric Medicine. A pesquisa constatou que 68,9%dos entrevistados usavam a Internet regularmente, e 13,7% consideravam difícil passar mais que alguns dias sem conectar.

A pesquisa determinou que 12,4% das pessoas ocasionalmente passavam mais tempo do que pretendiam online, e mais de 12% consideravam que era necessário reduzir seu uso de Internet, enquanto 8,7% tentavam esconder seu uso "não essencial" da Web dos olhos da família, amigos e empregadores.

Proporção um pouco inferior dos entrevistados, 8,2%, afirmou que usa a Internet para escapar de problemas ou do mau humor, e 5,9% disseram que seus relacionamentos haviam sofrido devido ao uso exagerado da Web.

Aboujaoude disse que os resultados não demonstram que as pessoas estejam sofrendo de um distúrbio clínico, e acrescentou que novas pesquisas seriam necessárias para determinar se isso acontece
27/10/2006 02:37
 
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Q Rainha gulosa
O casamento, em 25 de outubro de 1615, do rei Luís XIII, da França, com a infanta da Espanha, Ana da Áustria, sela a conquista do chocolate na França. A pequena rainha, de apenas 14 anos, adorava chocolate e trouxera da Espanha tudo o que era necessário à sua preparação.
E os cortesãos, para ganhar a sua simpatia, adotaram a sua bebida preferida. Ela passou a fazer parte da corte. Tanto é verdade que um dos convites mais requisitados em Paris era "para o chocolate de Sua Alteza Real".

Já em 1657, surge em Londres a primeira loja de chocolate. Em 1660, o filho de Ana da Áustria, Luís XIV, que subira ao trono, casa-se com outra princesa espanhola, Maria Teresa. Esta segunda união ibérica acaba firmando de vez o domínio de chocolate na França. A corte comentava que Maria Teresa, uma esposa devotada, tinha duas paixões: o rei e o chocolate.

Enquanto a monarquia solidificava o hábito de consumir chocolate na França, outros países também começavam a se interessar por ele e a procurar pela sua própria fonte de suprimento. O governo espanhol mantivera o comércio de chocolate fechado até o século XVI. E, para sustentar o seu monopólio, estabelecera taxas pesadas de importação, de forma que ele permanecesse ainda durante muito tempo uma bebida apenas das classes privilegiadas. Como se não bastasse, os estoques de sementes de cacau da Espanha eram limitados.

A França, por exemplo, muito interessada em suprir seu consumo, começou a cultivar cacau em sua ilha nas Índias Ocidentais, a Martinica. Enquanto isso, ele era introduzido nas ilhas de Jamaica, Trinidade e São Domingos. Mais tarde, chegava às Filipinas e outras regiões da Ásia.
30/10/2006 05:53
 
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Cirque du Soleil no Rio de Janeio
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30/10/2006 05:59
 
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A vingança de Gaia
O inglês James Lovelock é um cientista com contribuições a áreas tão distintas do conhecimento que é difícil classificá-lo em uma única especialidade. É também um dos mais controvertidos. Sucesso entre os ambientalistas, sua criação mais conhecida, a Hipótese Gaia, é criticada pelos cientistas. Segundo essa teoria, que Lovelock desenvolveu quando trabalhava para a Nasa, nos anos 60, a Terra é um organismo dotado da capacidade de se manter saudável e tem compromisso com todas as formas de vida – e não necessariamente com apenas uma delas, o homem. Lovelock é o inventor do aparelho que permitiu detectar o acúmulo do pesticida DDT nos seres vivos, razão pela qual se interrompeu o uso da substância. O aparelho também ajudou a identificar o CFC, gás utilizado em aerossóis, como o responsável pela destruição da camada de ozônio, o que levou a sua proibição. Lovelock acredita que o equilíbrio natural foi rompido pelo aquecimento global, tese desenvolvida no livro A Vingança de Gaia, publicado neste ano em seu país. O cientista concedeu esta entrevista a VEJA de sua casa em Devon, na Inglaterra, onde, aos 87 anos, faz pesquisas em um laboratório particular.

Veja – Quando o aquecimento global chegará a um ponto sem volta?
Lovelock – Já passamos desse ponto há muito tempo. Os efeitos visíveis da mudança climática, no entanto, só agora estão aparecendo para a maioria das pessoas. Pelas minhas estimativas, a situação se tornará insuportável antes mesmo da metade do século, lá pelo ano 2040.

Veja – O que o faz pensar que já não há mais volta?
Lovelock – Por modelos matemáticos, descobre-se que o clima está a ponto de fazer um salto abrupto para um novo estágio de aquecimento. Mudanças geológicas normalmente levam milhares de anos para acontecer. As transformações atuais estão ocorrendo em intervalos de poucos anos. É um erro acreditar que podemos evitar o fenômeno apenas reduzindo a queima de combustíveis fósseis. O maior vilão do aquecimento é o uso de uma grande porção do planeta para produzir comida. As áreas de cultivo e de criação de gado ocupam o lugar da cobertura florestal que antes tinha a tarefa de regular o clima, mantendo a Terra em uma temperatura confortável. Essa substituição serviu para alimentar o crescimento populacional. Se houvesse 1 bilhão de pessoas no mundo, e não 6 bilhões, como temos hoje, a situação seria outra. Agora não há mais volta.

Veja – Um estudo recente concluiu que a temperatura média da Terra vai aumentar 2 graus até o fim do século. O senhor concorda?
Lovelock – Os cientistas que fazem essas previsões baixas estudam a atmosfera como se ela fosse algo inerte. É um cálculo estanque, baseado na crença de que o aquecimento é diretamente proporcional à quantidade de gás carbônico jogada na atmosfera. A realidade é bem mais complexa. Todos os seres vivos do planeta reagem às mudanças que provocamos e as amplificam. Há previsões mais confiáveis de um aumento de até 6 graus até o fim do século. Essa vai ser a média global. Em algumas regiões, o aumento de temperatura será ainda maior.

Veja – O senhor vê o aquecimento global como a comprovação de que sua teoria está certa?
Lovelock – O aquecimento global pode ser analisado com base na Hipótese Gaia, e, por isso, muitos cientistas agora estão se vendo obrigados a aceitar minha teoria. Ela diz que todos os organismos, agindo em conjunto, formam um sistema ativo cujo objetivo é manter a Terra habitável. Nos oceanos, algumas algas utilizam o carbono do ar no seu crescimento e liberam outros gases que formam nuvens sobre a atmosfera. As nuvens ajudam a defletir os raios solares. Sem elas, a Terra seria um lugar muito mais quente e seco. Essas algas estão morrendo com o aumento da temperatura dos oceanos. Esse é apenas um exemplo de como a capacidade auto-reguladora do sistema Gaia está sendo rompida.

Veja – O aquecimento global vai levar a uma nova fase da seleção natural da espécie humana?
Lovelock – Sim. Pela Hipótese Gaia, qualquer organismo que afeta o ambiente de maneira negativa acabará por ser eliminado. Como o aquecimento global foi provocado pelo homem, está claro que corremos o risco de ser extintos. Até o fim do século, é provável que cerca de 80% da população humana desapareça. Os 20% restantes vão viver no Ártico e em alguns poucos oásis em outros continentes, onde as temperaturas forem mais baixas e houver um pouco de chuva. Na América Latina, por exemplo, esses refúgios vão se concentrar na Cordilheira dos Andes e em outros lugares altos. O Canadá, a Sibéria, o Japão, a Noruega e a Suécia provavelmente continuarão habitáveis. A maioria das regiões tropicais, incluindo praticamente todo o território brasileiro, será demasiadamente quente e seca para ser habitada. O mesmo ocorrerá na maior parte dos Estados Unidos, da China, da Austrália e da Europa. Não será um mundo agradável. As condições de sobrevivência no futuro serão muito difíceis. Essa é a vingança de Gaia, uma expressão que uso apenas como metáfora, não como argumento científico.

Veja – O que vai acontecer com quem permanecer nesses lugares?
Lovelock – A maioria vai morrer de fome. Não é só uma questão de aumento de temperatura. Com a mudança climática, será impossível cultivar alimentos ou criar animais de abate, porque simplesmente não haverá chuva ou água para a irrigação. O Rio Ganges, na Índia, por exemplo, está tendo seu volume reduzido e logo irá desaparecer. Quem conseguir migrar para os poucos oásis que sobrarem ou para as regiões mais frias ao norte do globo viverá em condições semelhantes às de muitos africanos hoje: haverá escassez de comida e pouca água. As guerras do futuro serão uma conseqüência do aquecimento global. Quando a China se tornar inabitável, seus moradores não vão simplesmente sentar e esperar a morte. Eles vão migrar para a Rússia. Há espaço para essas pessoas na Sibéria, mas duvido que essa migração aconteça pacificamente.

Veja – Será possível se recuperar dessa situação?
Lovelock – A Terra vai se recuperar. Há 55 milhões de anos ocorreu um evento muito parecido com o que está acontecendo agora. Naquele tempo, houve uma emissão acidental de uma quantidade de dióxido de carbono equivalente à que está sendo produzida hoje pela ação humana. A temperatura da Terra elevou-se em 8 graus nas regiões temperadas e em 5 graus nos trópicos. Os seres vivos migraram para as regiões polares e ficaram centenas de milhares de anos por lá. Quando a temperatura global voltou a cair, eles migraram de volta. O sistema Gaia, portanto, não está ameaçado, mas vai levar 200 000 anos para voltar a ser como é. Para nós, humanos, isso é muito tempo.

Veja – Muitos cientistas estão preocupados com a diminuição da biodiversidade. O senhor também está?
Lovelock – Não. A perda de biodiversidade é apenas um sintoma das mudanças climáticas. Os biólogos se preocupam com isso porque eles adoram colecionar espécies. Na verdade, os ecossistemas mais saudáveis são aqueles com pouca biodiversidade. Muito mais grave é o risco de quase extinção enfrentado pela humanidade.

Veja – Não há nada que se possa fazer?
Lovelock – A única opção é substituir as fontes de energia mais comuns por usinas nucleares, mais limpas do que hidrelétricas ou termoelétricas. O gás carbônico vai nos matar se não fizermos nada a respeito. As pessoas têm medo do lixo atômico, mas isso é um mito. A quantidade de resíduos produzida pelas usinas nucleares é irrisória e não causa grandes problemas ambientais. A energia nuclear, no entanto, não é uma solução, e sim uma medida para ganharmos tempo. A roda do aquecimento global já está em movimento, e não há como freá-la.

Veja – É mais fácil se livrar de lixo atômico do que de gás carbônico?
Lovelock – Infinitamente mais. Cem gramas de urânio equivalem a 200 toneladas de carvão, em termos de energia gerada. Com 100 gramas de urânio não se produzem mais do que 100 gramas de lixo atômico, enquanto a poluição emitida pela queima de 200 toneladas de carvão é de 600 toneladas de dióxido de carbono. Entre 100 gramas e 600 toneladas de resíduos, é óbvio que o carbono é um problema maior.

Veja – E quanto aos riscos de acidentes nucleares, como o da usina de Chernobyl, em 1986?
Lovelock – Chernobyl é uma grande mentira. A ONU enviou três equipes de cientistas a Chernobyl para ver quantas pessoas realmente morreram em conseqüência do acidente. A resposta é 56 mortos, no máximo. Foi o tipo de acidente nuclear que apenas podia acontecer naqueles velhos tempos da União Soviética, em que as usinas eram administradas de maneira irresponsável. As estatísticas das usinas nucleares ao redor do mundo são impressionantes. Elas produzem energia com uma segurança maior do que qualquer outra indústria energética. O perigo de acidentes não é nada comparado aos efeitos do aquecimento global. As pessoas estão perdendo o contato com o mundo natural e por isso há saudosismo, um desejo inconsciente de volta à natureza. A ciência e a tecnologia passaram a ser rejeitadas e classificadas como ruins para o ambiente. É o que acontece com as plantas geneticamente modificadas e com a energia atômica. Vivemos em uma sociedade hipocondríaca.

Veja – No Brasil, a maioria dos carros novos funciona com álcool combustível. O biocombustível é uma boa forma de reduzir a emissão de gases do efeito estufa?
Lovelock – Essa provavelmente é das coisas menos sábias a fazer. Para produzir a cana-de-açúcar para o biocombustível, é preciso ocupar o espaço dedicado à produção de alimentos ou derrubar florestas, que ajudam a regular o clima. Isso é contraprodutivo. É mais inteligente usar a energia nuclear para produzir hidrogênio como combustível para os carros. Alguns anos atrás, muitos cientistas achavam que o biocombustível era o caminho certo a seguir. Agora que sabemos quão sério é o problema do aquecimento global, percebemos que essa não é a melhor solução. Nós, cientistas, devemos pedir desculpas ao povo brasileiro.

Veja – Qual sua opinião sobre o conceito de desenvolvimento sustentado, pelo qual se explora o ambiente sem lhe provocar danos?
Lovelock – Acho uma idéia adorável. Se a tivéssemos aplicado 200 anos atrás, quando havia apenas 1 bilhão de pessoas no mundo, talvez não estivéssemos na situação em que estamos hoje. Agora é tarde demais. Não há mais espaço para nenhum tipo de desenvolvimento. A humanidade tem de regredir. Em algumas décadas, quem conseguir se mudar para regiões melhores, com temperaturas mais amenas, terá uma chance de sobreviver.

Veja – Qual sua opinião sobre a proposta de colocar um escudo solar em órbita, para devolver ao espaço os raios de sol?
Lovelock – Não é uma má idéia. Esse escudo ficaria entre o Sol e a Terra e poderia desviar 3% dos raios solares e, dessa forma, reduzir o calor na atmosfera. Trata-se de uma medida relativamente rápida de ser implementada e custaria menos que a Estação Espacial Internacional. O escudo solar poderia nos dar um pouco mais de tempo, mas não seria a cura para o problema do aquecimento global.

Veja – A destruição da Amazônia é a maior vilã do aquecimento global?
Lovelock – Não. O sudeste da Ásia está sofrendo uma destruição comparável à da Amazônia. A Indonésia tem provocado tanto dano às florestas quanto o Brasil. Uma medição feita no passado mostrou que as queimadas indonésias liberaram 40% de todo o gás carbônico produzido no mundo em um ano. Os brasileiros não devem se sentir os únicos culpados pelo desastre que estamos prestes a vivenciar. Temos todos uma parcela igual de culpa.

Veja – Por que a ciência levou tanto tempo para perceber a gravidade da mudança climática?
Lovelock – A comunidade científica estava muito engajada em um outro problema: a destruição da camada de ozônio. Era uma questão fácil de resolver, porque os produtos industriais que estavam provocando o buraco na camada podiam ser substituídos por outros, inofensivos. Só em 2001, em uma convenção em Amsterdã, na Holanda, os pesquisadores concordaram que o aquecimento é um fenômeno global. Naquele ano, eles finalmente aceitaram a tese de que a Terra é um sistema que se auto-regula, indiretamente concordando com a minha Hipótese Gaia.

Veja – Alguns cientistas dizem que suas opiniões são apocalípticas e por isso não podem ser levadas a sério. O que o senhor diz a eles?
Lovelock – Não há nenhum dado no meu livro diferente daqueles contidos no relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, da ONU. A diferença é que eu apresentei os fatos de uma forma compreensível para os leigos. Os cientistas estudam o aquecimento global de maneira fragmentada e acabam tendo dificuldade de desenvolver uma visão geral do fenômeno.

Diogo Schelp
Veja on-line
04/11/2006 00:39
 
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Fonte: Jornal do Brasil
08/11/2006 19:26
 
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A Balada do Cárcere de Reading
O famoso poema de Oscar Wilde em sua versão integral traduzido
para o Português:
www.meaminimaculpa.com/?url=poesia_view&id=10
11/11/2006 23:51
 
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Cora Coralina
Mãe


Renovadora e reveladora do mundo
A humanidade se renova no teu ventre.
Cria teus filhos,
não os entregues à creche.
Creche é fria, impessoal.
Nunca será um lar
para teu filho.
Ele, pequenino, precisa de ti.
Não o desligues da tua força maternal.

Que pretendes, mulher?
Independência, igualdade de condições...


Empregos fora do lar?
És superior àqueles
que procuras imitar.
Tens o dom divino
de ser mãe
Em ti está presente a humanidade.

Mulher, não te deixes castrar.
Serás um animal somente de prazer
e às vezes nem mais isso.
Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.
Tumultuada, fingindo ser o que não és.
Roendo o teu osso negro da amargura.


Biografia e mais poemas de Cora Coralina:
www.meaminimaculpa.com/?url=poesia_view&id=11

[Modificato da @Nessuna@ 11/11/2006 23.53]

13/11/2006 07:27
 
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Poema de Castro Alves
Castro Alves

Tragédia no Lar

Na Senzala, úmida, estreita,
Brilha a chama da candeia,
No sapé se esgueira o vento.
E a luz da fogueira ateia.

Junto ao fogo, uma africana,
Sentada, o filho embalando,
Vai lentamente cantando
Uma tirana indolente,
Repassada de aflição.
E o menino ri contente...
Mas treme e grita gelado,
Se nas palhas do telhado
Ruge o vento do sertão.

Se o canto pára um momento,
Chora a criança imprudente ...
Mas continua a cantiga ...
E ri sem ver o tormento
Daquele amargo cantar.
Ai! triste, que enxugas rindo
Os prantos que vão caindo
Do fundo, materno olhar,
E nas mãozinhas brilhantes
Agitas como diamantes
Os prantos do seu pensar ...

E voz como um soluço lacerante
Continua a cantar:

"Eu sou como a garça triste
"Que mora à beira do rio,
"As orvalhadas da noite
"Me fazem tremer de frio.

"Me fazem tremer de frio
"Como os juncos da lagoa;
"Feliz da araponga errante
"Que é livre, que livre voa.

"Que é livre, que livre voa
"Para as bandas do seu ninho,
"E nas braúnas à tarde
"Canta longe do caminho.

"Canta longe do caminho.
"Por onde o vaqueiro trilha,
"Se quer descansar as asas
"Tem a palmeira, a baunilha.

"Tem a palmeira, a baunilha,
"Tem o brejo, a lavadeira,
"Tem as campinas, as flores,
"Tem a relva, a trepadeira,

"Tem a relva, a trepadeira,
"Todas têm os seus amores,
"Eu não tenho mãe nem filhos,
"Nem irmão, nem lar, nem flores".

A cantiga cessou. . . Vinha da estrada
A trote largo, linda cavalhada
De estranho viajor,
Na porta da fazenda eles paravam,
Das mulas boleadas apeavam
E batiam na porta do senhor.

Figuras pelo sol tisnadas, lúbricas,
Sorrisos sensuais, sinistro olhar,
Os bigodes retorcidos,
O cigarro a fumegar,
O rebenque prateado
Do pulso dependurado,
Largas chilenas luzidas,
Que vão tinindo no chão,
E as garruchas embebidas
No bordado cinturão.

A porta da fazenda foi aberta;
Entraram no salão.

Por que tremes mulher? A noite é calma,
Um bulício remoto agita a palma
Do vasto coqueiral.
Tem pérolas o rio, a noite lumes,
A mata sombras, o sertão perfumes,
Murmúrio o bananal.

Por que tremes, mulher? Que estranho crime,
Que remorso cruel assim te oprime
E te curva a cerviz?
O que nas dobras do vestido ocultas?
É um roubo talvez que aí sepultas?
É seu filho ... Infeliz! ...

Ser mãe é um crime, ter um filho - roubo!
Amá-lo uma loucura! Alma de lodo,
Para ti - não há luz.
Tens a noite no corpo, a noite na alma,
Pedra que a humanidade pisa calma,
— Cristo que verga à cruz!

Na hipérbole do ousado cataclisma
Um dia Deus morreu... fuzila um prisma
Do Calvário ao Tabor!
Viu-se então de Palmira os pétreos ossos,
De Babel o cadáver de destroços
Mais lívidos de horror.

Era o relampejar da liberdade
Nas nuvens do chorar da humanidade,
Ou sarça do Sinai,
— Relâmpagos que ferem de desmaios...
Revoluções, vós deles sois os raios,
Escravos, esperai! ...

..................................................................

Leitor, se não tens desprezo
De vir descer às senzalas,
Trocar tapetes e salas
Por um alcouce cruel,
Que o teu vestido bordado
Vem comigo, mas ... cuidado ...
Não fique no chão manchado,
No chão do imundo bordel.

Não venhas tu que achas triste
Às vezes a própria festa.
Tu, grande, que nunca ouviste
Senão gemidos da orquestra
Por que despertar tualma,
Em sedas adormecida,
Esta excrescência da vida
Que ocultas com tanto esmero?
E o coração - tredo lodo,
Fezes dânfora doirada
Negra serpe, que enraivada,
Morde a cauda, morde o dorso
E sangra às vezes piedade,
E sangra às vezes remorso?...

Não venham esses que negam
A esmola ao leproso, ao pobre.
A luva branca do nobre
Oh! senhores, não mancheis...
Os pés lá pisam em lama,
Porém as frontes são puras
Mas vós nas faces impuras
Tendes lodo, e pus nos pés.

Porém vós, que no lixo do oceano
A pérola de luz ides buscar,
Mergulhadores deste pego insano
Da sociedade, deste tredo mar.
Vinde ver como rasgam-se as entranhas
De uma raça de novos Prometeus,
Ai! vamos ver guilhotinadas almas
Da senzala nos vivos mausoléus.

— Escrava, dá-me teu filho!
Senhores, ide-lo ver:
É forte, de uma raça bem provada,
Havemos tudo fazer.

Assim dizia o fazendeiro, rindo,
E agitava o chicote...
A mãe que ouvia
Imóvel, pasma, doida, sem razão!
À Virgem Santa pedia
Com prantos por oração;
E os olhos no ar erguia
Que a voz não podia, não.

— Dá-me teu filho! repetiu fremente
o senhor, de sobrolho carregado.
— Impossível!...
— Que dizes, miserável?!
— Perdão, senhor! perdão! meu filho dorme...
Inda há pouco o embalei, pobre inocente,
Que nem sequer pressente
Que ides...
— Sim, que o vou vender!
— Vender?!. . . Vender meu filho?!

Senhor, por piedade, não
Vós sois bom antes do peito
Me arranqueis o coração!
Por piedade, matai-me! Oh! É impossível
Que me roubem da vida o único bem!
Apenas sabe rir é tão pequeno!
Inda não sabe me chamar? Também
Senhor, vós tendes filhos... quem não tem?

Se alguém quisesse os vender
Havíeis muito chorar
Havíeis muito gemer,
Diríeis a rir — Perdão?!
Deixai meu filho... arrancai-me
Antes a alma e o coração!

— Cala-te miserável! Meus senhores,
O escravo podeis ver ...

E a mãe em pranto aos pés dos mercadores
Atirou-se a gemer.
— Senhores! basta a desgraça
De não ter pátria nem lar, -
De ter honra e ser vendida
De ter alma e nunca amar!

Deixai à noite que chora
Que espere ao menos a aurora,
Ao ramo seco uma flor;
Deixai o pássaro ao ninho,
Deixai à mãe o filhinho,
Deixai à desgraça o amor.

Meu filho é-me a sombra amiga
Neste deserto cruel!...
Flor de inocência e candura.
Favo de amor e de mel!

Seu riso é minha alvorada,
Sua lágrima doirada
Minha estrela, minha luz!
É da vida o único brilho
Meu filho! é mais... é meu filho
Deixai-mo em nome da Cruz!...

Porém nada comove homens de pedra,
Sepulcros onde é morto o coração.
A criança do berço ei-los arrancam
Que os bracinhos estende e chora em vão!

Mudou-se a cena. Já vistes
Bramir na mata o jaguar,
E no furor desmedido
Saltar, raivando atrevido.
O ramo, o tronco estalar,
Morder os cães que o morderam...
De vítima feita algoz,
Em sangue e horror envolvido
Terrível, bravo, feroz?

Assim a escrava da criança ao grito
Destemida saltou,
E a turba dos senhores aterrada
Ante ela recuou.

— Nem mais um passo, cobardes!
Nem mais um passo! ladrões!
Se os outros roubam as bolsas,
Vós roubais os corações! ...

Entram três negros possantes,
Brilham punhais traiçoeiros...
Rolam por terra os primeiros
Da morte nas contorções.

Um momento depois a cavalgada
Levava a trote largo pela estrada
A criança a chorar.
Na fazenda o azorrague então se ouvia
E aos golpes - uma doida respondia
Com frio gargalhar! ...

Tomado da: astormentas.com

@Guadi: Gosto muito desse poema!!
17/11/2006 06:25
 
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Canto de Uma Escrava - Castro Alves
Eu sou como a garça triste
Que mora à beira do rio,
As orvalhadas da noite
Me fazem tremer de frio.

Me fazem tremer de frio
Como os juncos da lagoa;
Feliz da araponga errante
Que é livre, que livre voa.

Que é livre, que livre voa
Para as bandas do seu ninho,
E nas braúnas à tarde
Canta longe do caminho,

Canta longe do caminho,
Por onde o vaqueiro trilha,
Se quer descansar as asas
Tem a palmeira, a baunilha.

Tem a palmeira, a baunilha,
Tem o brejo, a lavadeira,
Tem as campinas, as flores,
Tem a relva, a trepadeira,

Tem a relva, a trepadeira,
Todas tem seus amores,
Eu não tenho mais nem filhos,
Nem irmão, nem lar, nem flores.

Nota: ESte é um dos mais famoosos poemas de Castro Alves. Ainda não encontrei o site com seus poemas traduzidos para diversos idiomas.
Mas, para aqueles que, querem saber um pouco mais da Vida eo bra deste grande poeta deixo este link:
www.meaminimaculpa.com/?url=poesia_view&id=14
18/11/2006 18:38
 
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ADEUS (Lord Byron)
Adeus! e para sempre embora,
Que seja para nunca mais:
Sei teu rancor - mas contra ti
Não me rebelarei jamais.

Visses nu meu peito, onde a fronte
Tu descansavas mansamente
E te tomava um calmo sono
Que perderás completamente:

Que cada fundo pensamento
No coração pudesses ver!
Que estava mal deixá-lo assim
Por fim virias a saber.

Louve-te o mundo por teu ato,
Sorria ele ante a ação feia:
Esse louvor deve ofender-te,
Pois funda-se na dor alheia.

Desfigurassem-me defeitos:
Mão não havia menos dura
Que a de quem antes me abraçava
Que me ferisse assim sem cura?

Não te iludas contudo: o amor
Pode afundar-se devagar;
Porém não pode corações
Um golpe súbito apartar.

O teu retém a sua vida,
E o meu, também, bata sangrando;
E a eterna idéia que me aflige
É que nos vermos não tem quando.

Digo palavras de tristeza
Maior que os mortos lastimar;
Hão de as manhãs, pois viveremos,
De um leito viúvo despertar.

E ao achares consolo, quando
A nossa filha balbuciar,
Ensiná-la-ás a dizer "Pai",
Se o meu desvelo vai faltar?

Quando as mãozinhas te apertarem
E ela teu lábio -houver beijado,
Pensa em mim, que te bendirei
Teu amor ter-me-ia abençoado.

Se parecerem os seus traços
Com os de quem podes não mais ver,
Teu coração pulsará suave,
E fiel a mim há de tremer.

Talvez conheças minhas faltas,
Minha loucura ninguém sabe;
Minha esperança, aonde tu vás,
Murcha, mas vai, que ela em ti cabe.

Abalou-se o que sinto; o orgulho,
Que o mundo não pôde curvar,
Curvou-se a ti: se a abandonaste,
Minha alma vejo-a a me deixar.

Tudo acabou - é vão falar -,
Mais vão ainda o que eu disser;
Mas forçam rumo os pensamentos
Que não podemos empecer.

Adeus! assim de ti afastado,
Cada laço estreito a perder,
O coração só e murcho e seco,
Mais que isto mal posso morrer.

Biografia e mais poemas( português)
www.meaminimaculpa.com/?url=poesia_view&id=17

[Modificato da @Nessuna@ 18/11/2006 18.39]

18/11/2006 19:56
 
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Um fã muito especial de Andrea Bocelli
www.meaminimaculpa.com/?url=humor_view&id=27
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